let it be..




Flickr: Secuencia de fotos de chiara jason


Eu passei muito tempo do meu tempo achando que o tempo era atemporal,
com o passar do tempo você descobre que não.Ele só não é como você imagina 
como também é mais cruel do que você  suspeita. 

Eu cresci em uma vila cujas casas eram praticamente iguais, as ruas guiavam-se umas as outras como correntes de convecção por fileiras de casinhas brancas sem muros e cada qual com um pequeno jardim a  sua frente,ruas feitas de paralelepípedos e às vezes de asfalto.
As casas se diferenciavam por seu estilo de construção, variando entre perfis dos anos 60 
aos 90. Tinha muitas crianças e animais alí,embora pra mim houvesse mais animais do que crianças lembro-me de ficar horas andando de bicicleta por entre aquelas ruas de ar fresco e úmido olhando pro céu sem me preocupar com o amanhã.
Subia em minha bicicleta prateada com adesivos cor de rosa, que me rendeu muitas piadas por não ser o ultimo modelo da loja, na verdade ela era bem velhinha mas foi reformada por meu pai que a pintou e colocou-lhe muitos adereços e adesivos imensos, eu esperava a muito tempo por uma bicicleta nova e que só seria dada a mim de presente no caso de tirar boas notas naquele ano, o tempo passou e a promessa se concretizou numa tarde de dezembro, lá estava ela! Grande e chamativa, era prateava e parecia brilhar mais do que o próprio sol quando refletia luz, tinha adereços no guidom e vários adesivos cor de rosa espalhados nela, meu primeiro impulso ao vê-la foi uma careta e uma vontade enorme de gritar e dizer que aquilo era chamativo demais pra mim, eu era uma garota tímida e não queria ser vista ou até queria, mas não encima de um pegasuis mecânico com adesivos de asas cor de rosa, uma frenesi passou por mim no momento em que a vi, mas no exato instante em que vi meu pai a segurando em seu lado com uma prega de dentes na cara suspensos em um sorriso, só o que eu pude fazer foi sorrir também, ainda lembro-me dele contando os detalhes de como ele fizera pra ela ser pintada e reformada para mim, dedilhando com a mente o passo a passo de como fez para montar algo que fosse a minha cara, ele não sábia nada sobre mim, claramente, mas naquele momento estar na moda não valia as horas de aborrecimento que eu daria ao meu pai se caso dissesse o que eu pensava sobre meu mais novo cavalo alado de armadura brilhante, muito embora isso redesse bons momentos de riso a vizinhança.

Mas quando o céu estava azul eu não me importava, não , definitivamente nada naquele momento nada seria capaz de importunar, quando chegava perto do final da tarde eu pedalava o mais rápido possível pra frente da minha antiga casa, pois o sol se punha lá lindamente por detrás das colinas e montanhas depois da vasta fazenda de grama verdinha que havia lá, o Sol se ia vagarosamente como quem apenas se deita na relva e se você piscasse uma ou duas vezes já era, era noite novamente.

Um comentário:

Ana disse...

Assim como você pediu no " Imaginando criatividade, estou te seguindo . Me segue tb tá !http://www.sarara-crioula.blogspot.com